sexta-feira, 3 de julho de 2015

(Entrevista) ATROPINA: "Buscamos retomar o bom e velho Death Metal dos anos 90"

Oriunda do Rio Grande do sul, a Atropina esta prestes a lançar seu segundo álbum de estúdio. Para saber mais sobre como será o novo trabalho, as trocas de formação, o tempo que a bandas ficou parada, a mudança no nome e mais acontecimentos nesses dezoito anos de existência da banda, conversamos com Murillo Rocha, vocalista da Atropina.


A banda esta para lançar o álbum Mallevs Maleficarvm e obviamente a temática a ser abordada será o livro em questão, mas qual o motivo dessa escolha? E o que mais pode ser adiantado para quem esta aguardando o novo trabalho da banda após treze anos?

Nas letras da Atropina sempre estiveram bem presentes as críticas às religiões cristãs, e desta vez não foi diferente. Quando decidimos retomar os trabalhos da Atropina, as músicas e as letras não estavam sendo feitas conceitualmente, mas quando descobrimos e estudamos sobre o livro "Mallevs Maleficarvm", um manual de instruções de identificação, caça e execução das bruxas, vimos que as outras músicas tinham tudo a ver com o contexto do livro. Neste álbum, buscamos retomar o bom e velho Death Metal dos anos 90, cru, blasfêmico, com letras ácidas, assim como fazíamos lá em 2001.

Em 2004 a banda trocou seu nome para Legis Edax e em 2012 voltaram a usar o nome Atropina. Qual o motivo pra a mudança do nome da banda nessas duas vezes?

Em 2004 estávamos desiludidos com as letras em português e queríamos começar a cantar em outra língua, chegamos a pensar em cantar em latim, tanto que o nome Legis Edax provem do latim, no fim das contas acabamos por cantar em inglês. Acreditávamos que as letras em português eram uma marca importante da Atropina, e por isso resolvemos por tocar o projeto de uma nova banda. Algumas mudanças na formação da banda ajudaram nessa decisão.
Em 2012, quando decidimos retornar, tínhamos o propósito de criar sons com sonoridade mais voltada à Atropina e apostar na nossa língua nativa, porque acreditamos que não há forma melhor de dar apoio ao metal nacional do que cantar na nossa própria língua.

A banda conta com alguns trabalhos lançados, sendo o mais conhecido do público o álbum “Santos de Porcelana”. Porém esse registro virou item de colecionador. Existe a possibilidade dele ser relançado?

Sim, o relançamento do “Santos de Porcelana” está programado para acontecer na seqüência, e deverá contar com as 3 músicas da nossa demo “Louvar a Tudo por Nada” como bônus.

Embora você não estivesse na banda 2001 quando “Santos de Porcelana” fora gravado (Leonidas Rübenich gravou os vocais), você entrou logo depois na banda, ainda no mesmo ano. Como foi a repercussão do álbum naquela época?

Eu entrei na banda logo após o lançamento do CD, como baixista, e foi uma responsabilidade muito grande, pois o antigo baixista, Augusto, era muito bom. A repercussão do lançamento do CD foi excelente e isso fez com que a gente tivesse shows marcados por todo RS e SC, em quase todos os finais de semana.

A maioria das bandas prefere fazer suas letras em inglês, inclusive bandas nacionais. Porém nos últimos álbuns da banda as letras são em português. Vocês continuarão escrevendo suas letras em português para esse novo álbum? E por qual o motivo vocês optaram por esse idioma?

As letras do Mallevs Maleficarvm serão todas em português. Acreditamos que o metal nacional tem uma força incrível, bandas excelentes, mas ainda muito pouca credibilidade, o que é totalmente incompreensível, devido ao alto nível das bandas. Além de músicos, sempre fomos apreciadores de metal, e apoiadores do metal nacional, e sendo assim estamos sempre tentando agitar a cena local, inclusive organizando festivais desde o final dos anos 90. Acreditamos que não há maneira melhor de mostrarmos nossa força, do que contando na nossa língua.

Ainda sobre o “Santos de Porcelana”, quais as diferenças e semelhanças entre o registro de 2001 e o que sairá esse ano?

Os dois trabalhos são comuns nas letras em português com críticas fortes ao cristianismo e sua hedionda massificação de ideais e dogmas, e um som brutal feito com sangue nos olhos.
A principal diferença está na qualidade da gravação. Ficamos muito satisfeitos com o trabalho de mixagem e materização do "Mallevs Maleficarvm" realizado pelo Ernani Savaris.

A capa do novo álbum ficou excelente. Como vocês chegaram a ela e qual foi o processo de produção?

A ideia central da capa é mostrar em uma imagem todo o horror que envolve o livro, como se essa imagem fosse uma releitura da capa do Mallevs Maleficarvm. O período da inquisição foi de longe um dos mais horríveis episódios da nossa história, um período em que o poder da igreja foi tamanho que já não era necessário esconder as atrocidades cometidas, pelo contrário, essas atrocidades foram oficializadas como lei após a publicação do Mallevs.


Nos shows, como tem sido a reação do público em relação às novas composições? O pessoal pede pelas músicas antigas? E como esta a agenda de vocês?

A reação do público tem sido ótima, mas sempre tem algum pedido pelas músicas antigas, até porque o pessoal ainda não está familiarizado com as músicas novas. Duas das músicas do "Santos de Porcelana" fazem parte do nosso setlist, “Fantasmas” e a própria “Santos de Porcelana”. Pretendemos incluir ainda mais alguma música do álbum de 2001, além de uma da demo. Temos shows marcados para todos os sábado do mês de junho, dia 7 em Pelotas, dia 14 em Caxias, dia 21 em POA e dia 28 em Campo Bom.

O álbum será lançado por diversos selos nacionais. Como foi o processo de escolha de cada um? Dos que foram anunciados através da página do Facebook da banda, falta mais algum pra ser anunciado? E por que foram anunciados um de cada vez e não todos juntos?

Nós entramos em contato com alguns selos que foram recomendados por bandas parceiras e enviamos um release e uma faixa contendo diversas partes do cd. Surpreendentemente a maioria decidiu participar, e dessa forma acabamos suspendendo o envio de material para outros selos que iríamos mandar, para que não ficássemos com excesso de selos no lançamento ou que acabássemos ficando sem nada de material para a própria banda. 
Quem nos tem ajudado muito é o Gil da Cianeto. Foi ele que nos passou os contatos dos fabricantes e como seria a forma mais justa de participação dos selos. Decidimos divulgar um de cada vez para dar uma ênfase de cada um, e agora estamos iniciando a divulgação de todos juntos. Fechamos com 8 selos: Blasphemic Art Distro, Cianeto Discos, Obskure Chaos Distro, Rock Animal, Disturbed Mind Records, Violent Records, Interior Soul Distro e Retch Records. Dessa forma conseguimos uma divulgação maior do nosso trabalho no Sudeste e Nordeste.

Considerações finais aos fãs da banda.

Só temos a agradecer a todos que vem nos apoiando. É dessa forma que o underground sobrevive. Com apoio às bandas, aos selos, zines, indo aos festivais. Pode parecer para alguns que a cena está mais fraca, mas ao contrário disso, hoje temos festivais em diversas cidades do RS. Todo final de semana tem dois ou três festivais rolando. Além disso, temos selos que tem ajudado as bandas a lançar de forma oficial seus trabalhos e também temos excelentes estúdios que estão deixando as gravações com qualidades incríveis. Muitos zines que iniciaram na época das cartas continuam vivos através da internet e também em impresso.  E tudo isso é a base para que grandes bandas surjam na cena. 


Lineup:
Murillo - Vocal,
Alex - Guitarra,
Mateus - Bateria,
Fernando - Guitarra,
Cleomar - Baixo

Contato:

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